Quanto Tempo Leva um Processo de Adoção? Fatores que Aceleram ou Atrasam

mãos adultas segurando os pés de uma criança simbolizando o processo de adoção no Brasil
Mãos adultas acolhendo os pés de uma criança, representando o vínculo de amor e cuidado criado pela adoção.

A adoção é um ato de amor, mas também um processo jurídico que exige paciência, preparo e cumprimento de etapas legais. É natural que quem sonha em formar uma família se pergunte: “quanto tempo leva um processo de adoção?”

A resposta não é simples. O tempo pode variar de alguns meses a vários anos, dependendo de fatores como o perfil desejado da criança, a cidade onde o processo ocorre e até a agilidade dos órgãos envolvidos.

Neste artigo, vamos explicar todas as fases do processo de adoção, os motivos que podem acelerar ou atrasar o andamento, e o que fazer para se preparar e evitar obstáculos desnecessários. Tudo de forma clara, acessível e baseada na legislação brasileira.

O que é o processo de adoção e por que ele leva tempo

A adoção é um procedimento legal que transfere para os adotantes todos os direitos e deveres de pais biológicos, criando um novo vínculo de filiação.
No Brasil, o processo é regido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) — Lei nº 8.069/1990 — e tem como prioridade garantir o bem-estar e a segurança da criança.

O tempo que cada processo leva está diretamente ligado à necessidade de verificar se os futuros pais realmente estão prontos para assumir essa responsabilidade. Por isso, o trâmite não é apenas burocrático, mas protetivo.

Quanto tempo, em média, leva um processo de adoção?

Em média, um processo de adoção pode levar entre 6 meses e 2 anos. No entanto, existem casos que se resolvem em menos tempo — especialmente quando o perfil desejado é mais amplo — e outros que demoram mais, dependendo de várias etapas e ajustes.

De forma simplificada, o tempo é dividido em duas grandes fases:

  1. Habilitação para adoção: de 6 a 12 meses.
  2. Espera pela criança e concretização da adoção: pode variar de alguns meses a anos.

A seguir, detalhamos cada etapa para entender melhor por que cada uma delas é importante.

Etapa 1: Habilitação para adoção

Como funciona a habilitação

Antes de adotar, é preciso comprovar que o interessado está apto para exercer a parentalidade de forma responsável e segura.
Essa fase inclui:

  • Entrega de documentos pessoais e comprovantes de renda;
  • Certidões negativas criminais e cíveis;
  • Avaliação psicossocial feita por equipe técnica do Juizado da Infância e Juventude;
  • Participação em curso preparatório sobre adoção;
  • Entrevista com juiz e promotor;
  • Análise do processo pelo Ministério Público.

Após cumprir essas etapas, o candidato recebe a certidão de habilitação para adoção, válida por três anos.

Tempo médio dessa etapa

O prazo varia de acordo com a cidade, mas geralmente leva de 6 a 12 meses.
Tribunais com equipes completas costumam ser mais ágeis, enquanto comarcas menores, com poucos profissionais, podem demorar um pouco mais para agendar entrevistas e emitir relatórios.

Etapa 2: Espera pelo “match” com a criança

Após a habilitação, o nome do pretendente é inserido no Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA), mantido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
É nesse sistema que ocorre o chamado “match”, ou seja, a compatibilização entre o perfil da criança e o perfil do adotante.

Fatores que influenciam o tempo de espera

O tempo de espera depende, principalmente, do perfil da criança desejada:

  • Quem aceita crianças mais velhas, grupos de irmãos ou com alguma deficiência, geralmente é chamado mais rapidamente.
  • Já quem deseja apenas bebês, de determinada cor, sexo ou idade, tende a aguardar mais tempo — às vezes anos.

De acordo com dados do CNJ, o Brasil possui mais de 29 mil pretendentes habilitados e pouco mais de 4 mil crianças disponíveis.
O contraste entre esses números mostra por que muitos processos demoram: há um desequilíbrio entre o perfil desejado e o perfil real das crianças aptas à adoção.

Etapa 3: Adoção provisória e sentença definitiva

Quando o “match” ocorre, o juiz autoriza o estágio de convivência — um período de adaptação em que a criança e os adotantes passam a conviver sob acompanhamento da equipe técnica.

Esse estágio pode durar de 30 dias a 3 meses, dependendo da idade da criança e da avaliação psicossocial.
Se tudo correr bem, o juiz profere a sentença de adoção definitiva, momento em que a criança passa legalmente a ser filha dos adotantes.

Fatores que aceleram o processo de adoção

1. Flexibilidade no perfil desejado

Pretendentes que se dispõem a adotar crianças fora do perfil mais procurado (como bebês recém-nascidos) costumam ser chamados mais rápido.
Aceitar crianças de diferentes idades, grupos de irmãos ou com deficiência reduz o tempo de espera.

2. Documentação completa e atualizada

Um dos principais motivos de atraso é a falta de documentos exigidos pelo Juizado.
Ter tudo em ordem desde o início demonstra seriedade e evita retrabalho.

3. Participação ativa no curso preparatório

Os cursos de preparação, muitas vezes, são oportunidades para orientar e tirar dúvidas com profissionais especializados.
Participar ativamente e cumprir as etapas no prazo mostra engajamento, o que ajuda no andamento.

4. Boa comunicação com a equipe técnica

Manter contato respeitoso e colaborativo com assistentes sociais, psicólogos e servidores facilita a tramitação e evita devoluções de relatórios ou agendamentos adiados.

5. Avaliação psicológica positiva

A disponibilidade emocional, a estabilidade financeira e a maturidade do casal (ou pessoa solteira) são pontos decisivos na análise do juiz.
Preparar-se emocionalmente é tão importante quanto reunir os documentos.

Fatores que atrasam o processo de adoção

1. Perfil muito restrito

Quem deseja apenas bebês recém-nascidos, sem irmãos e de determinado gênero ou cor, enfrenta filas longas.
Segundo o CNJ, mais de 70% dos pretendentes têm esse perfil de preferência.

2. Falta de documentos ou inconsistências

Perder prazos, esquecer certidões ou deixar de atualizar documentos pode interromper o processo por meses.

3. Problemas na avaliação psicossocial

Casos de instabilidade emocional, conflitos familiares graves ou motivações inadequadas para adotar (como tentar “substituir” um filho biológico perdido) podem resultar em indeferimento ou prolongamento da análise.

4. Adoções em comarcas pequenas

Em cidades menores, há menos crianças disponíveis e equipes reduzidas, o que aumenta naturalmente o tempo de espera.

5. Mudanças de endereço ou estado

Quando o pretendente muda de cidade ou estado, o processo precisa ser remanejado entre comarcas, o que exige nova análise documental.

O papel do CNJ e o Sistema Nacional de Adoção

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) tem papel fundamental na modernização da adoção no Brasil.
Com o Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA), o país passou a ter um cadastro único e transparente, o que reduziu a burocracia e aumentou a eficiência.

Por meio da Busca Ativa, ferramenta lançada pelo CNJ, é possível aproximar pretendentes de crianças com perfis menos procurados, agilizando o processo e promovendo o encontro de famílias.

Para entender melhor, veja também nosso artigo sobre a [Busca Ativa do CNJ: como funciona o “match” que já viabilizou mais de mil adoções em 2025].

Adoção mais rápida: é possível?

Sim, existem casos em que a adoção é concluída rapidamente — especialmente nas chamadas adoções consensuais ou unilaterais, quando há vínculo anterior com a criança.

Por exemplo:

  • Quando o padrasto ou madrasta adota o enteado;
  • Quando avós ou tios assumem a guarda e desejam formalizar a adoção;
  • Quando há adoção tardia e os pretendentes já convivem há tempo com a criança.

Esses casos são analisados de forma mais célere, pois o vínculo afetivo já está consolidado e o processo tem menor risco de frustração.

Para saber mais, veja o artigo [Como formalizar a adoção unilateral pelo padrasto ou madrasta?]

Casos que exigem mais paciência

Situações que envolvem adoção internacional ou crianças em disputa judicial pela destituição do poder familiar podem demorar mais, pois dependem de análise adicional de documentos, tradução juramentada e cooperação entre órgãos de diferentes países.

Entenda as etapas em [Adoção Internacional: requisitos, custos e órgãos envolvidos].

Como lidar com a ansiedade durante o processo

Esperar pela chegada de um filho é emocionalmente intenso. Muitos adotantes relatam angústia, insegurança e impaciência durante a espera.
Uma boa estratégia é participar de grupos de apoio à adoção, disponíveis em várias cidades e até online.

Esses grupos ajudam a:

  • Compartilhar experiências;
  • Receber orientações de famílias que já passaram pelo processo;
  • Criar uma rede de suporte emocional.

O próprio CNJ e os Tribunais de Justiça divulgam contatos desses grupos em seus portais oficiais — https://www.cnj.jus.br.

O que fazer se o processo estiver demorando demais

Se a demora parecer injustificada, é possível:

  • Consultar o andamento no site do Tribunal de Justiça do seu estado;
  • Solicitar informações diretamente ao Juizado da Infância e Juventude;
  • Verificar se há pendências documentais ou necessidade de atualização;
  • Pedir apoio da equipe técnica para entender em qual etapa o processo está.

Em alguns casos, o acompanhamento por advogado especializado em Direito de Família pode ajudar a orientar e agilizar medidas, especialmente quando há dúvidas sobre tramitação ou prazos.

Conclusão

O tempo de um processo de adoção varia conforme o perfil da criança, a região e a agilidade do sistema judicial, mas cada etapa tem uma razão importante: garantir que o vínculo seja seguro, responsável e duradouro.

Embora a espera possa ser longa, o resultado é transformador — tanto para quem adota quanto para a criança que passa a ter uma nova família.

A adoção é mais do que um ato jurídico. É um gesto de amor, coragem e compromisso com o futuro de uma vida.

Resumo: principais pontos sobre o tempo de adoção

  • Adoção leva, em média, de 6 meses a 2 anos.
  • Habilitação: 6 a 12 meses.
  • Espera pela criança: variável, depende do perfil.
  • Etapas principais: habilitação, match, estágio de convivência e sentença.
  • Adoções mais rápidas: perfis amplos, vínculos já existentes, documentação completa.
  • Adoções mais lentas: perfis restritos, processos em comarcas pequenas, pendências documentais.
  • Sistema Nacional de Adoção (SNA): unifica e agiliza cadastros no país.

Perguntas frequentes sobre o tempo da adoção

A adoção pode ser feita sem advogado?

A fase de habilitação costuma ocorrer diretamente no Juizado, mas em situações específicas (como recursos, adoção internacional ou destituição de poder familiar), a presença de advogado é necessária.

Posso escolher o estado onde desejo adotar?

Sim. O Sistema Nacional de Adoção é integrado nacionalmente, permitindo que pretendentes habilitados sejam considerados em outros estados, conforme o perfil.

O estágio de convivência é obrigatório?

Sim. Ele é essencial para garantir que a adaptação ocorra de forma saudável para a criança e para os adotantes.

É possível adotar crianças com deficiência mais rapidamente?

Muitas vezes sim. O número de pretendentes dispostos a adotar crianças com deficiência ainda é pequeno, o que torna a compatibilização mais rápida.

A habilitação vence?

Sim. A certidão de habilitação tem validade de três anos, podendo ser renovada mediante atualização dos documentos e nova análise da equipe técnica.

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Continue aprendendo mais sobre o tema em nossos artigos da categoria Adoção:

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