Regime de Bens na União Estável: Regras e Consequências

Casal sentado de mãos dadas, com anel de compromisso, simbolizando regime de bens na união estável
Mãos entrelaçadas destacam o compromisso patrimonial na união estável.

A escolha do regime de bens na união estável influencia diretamente a forma como o patrimônio e as dívidas serão administrados durante a convivência e como ocorrerá a divisão em caso de término. Entender como funciona o regime de bens é fundamental para casais que desejam segurança jurídica e planejamento patrimonial.

O que é união estável e como o regime de bens se aplica

A união estável é reconhecida pela Constituição Federal como entidade familiar e caracteriza-se pela convivência pública, contínua e duradoura entre duas pessoas com intenção de constituir família. No aspecto patrimonial, a regra geral é o regime de comunhão parcial de bens, conforme o Código Civil, art. 1.725.

Isso significa que, salvo contrato escrito estabelecendo o contrário, os bens adquiridos onerosamente durante a união são considerados comuns.

O regime legal da união estável é o de comunhão parcial. Ele se aplica automaticamente quando o casal não firma contrato de convivência.

O que é comunicado na comunhão parcial

  • Bens adquiridos durante a convivência de forma onerosa.
  • Rendimentos resultantes do trabalho de cada convivente.
  • Bens móveis adquiridos de forma conjunta, mesmo que registrados por apenas um.

O que não se comunica

  • Bens adquiridos antes da união.
  • Bens recebidos por herança ou doação.
  • Bens sub-rogados em patrimônio particular.

Para aprofundar a distinção entre regimes, veja o artigo Comunhão Parcial x Comunhão Universal: Entenda as Diferenças.

Como escolher outro regime de bens na união estável

Se o casal deseja adotar outro regime como separação total, participação final nos aquestos ou comunhão universal, é necessário firmar um contrato de convivência.

Quando o contrato é necessário

  • Para definir um regime diferente do legal.
  • Para estabelecer regras sobre administração e divisão de bens.
  • Para evitar conflitos futuros diante de patrimônio significativo.

O contrato deve ser elaborado por escrito e pode ser registrado em cartório para maior segurança.

Para saber mais sobre alternativas, consulte Separação Total de Bens: Como Funciona e Quando Vale a Pena.

O contrato de convivência tem efeitos retroativos

Em regra, o contrato produz efeitos a partir da data de assinatura, exceto se houver estipulação em sentido diverso e desde que a retroatividade não prejudique terceiros. Essa interpretação é analisada caso a caso pelo Poder Judiciário, especialmente quando há dúvida sobre a publicidade do pacto.

Como ficam as dívidas na união estável

As dívidas assumidas durante a convivência podem se comunicar quando contraídas para benefício comum da família.

Exemplos:

  • Financiamento de imóvel onde o casal reside.
  • Empréstimos usados para melhorias da residência.

Dívidas particulares, como empréstimos destinados a atividades pessoais sem proveito à família, não são automaticamente partilhadas.

Para aprofundar o tema, veja o artigo Regime de Bens e Dívidas: O Que Cada Cônjuge Precisa Saber.

Como provar a união estável para fins patrimoniais

A prova pode ser documental ou testemunhal. Os documentos mais comuns incluem:

  • Declaração firmada em cartório.
  • Contas conjuntas.
  • Plano de saúde em conjunto.
  • Endereço comum.
  • Escrituras de bens adquiridos pelo casal.

Quando há conflito sobre a existência da união, pode ser necessário o reconhecimento judicial.

União estável e herança: quais são os direitos

O convivente sobrevivente tem direitos sucessórios semelhantes aos do cônjuge, conforme entendimento fixado pelo STF. A forma da partilha dependerá do regime de bens escolhido e do patrimônio existente.

União estável e empresa: efeitos no patrimônio empresarial

Participações societárias adquiridas durante a convivência podem se comunicar no regime de comunhão parcial. Recomenda-se planejamento prévio para quem é empresário, principalmente quando há patrimônio relevante.
Para esse cenário, o conteúdo Empreendedores e Casamento: Como Proteger a Empresa no Regime de Bens pode ser útil.

Passos práticos para definir o regime de bens na união estável

  • Conversar sobre expectativas patrimoniais e financeiras.
  • Avaliar a necessidade de contrato de convivência.
  • Buscar orientação jurídica especializada para elaboração do pacto.
  • Registrar o documento em cartório conforme a necessidade.

Perguntas frequentes sobre regime de bens na união estável

A união estável precisa ser registrada para ter efeitos patrimoniais

Não. A união estável existe mesmo sem registro. O documento ajuda a provar a convivência quando necessário.

O contrato de convivência substitui pacto antenupcial

Sim. Na união estável, o contrato de convivência exerce função equivalente ao pacto antenupcial do casamento.

Posso mudar o regime de bens depois

Sim, desde que ambos concordem e formalizem por contrato escrito. Mudanças posteriores devem observar a boa-fé e a ausência de prejuízo a terceiros.

Quem mora junto automaticamente vive em união estável

Não necessariamente. É preciso intenção de constituir família. Relacionamentos eventuais ou meramente coabitacionais não caracterizam união estável.

Como funciona a divisão dos bens no fim da união

Dependerá do regime aplicado. Na comunhão parcial, dividem-se os bens adquiridos de forma onerosa durante a convivência.

Conclusão

O regime de bens na união estável define como patrimônio e dívidas serão administrados e divididos. A definição adequada evita conflitos e protege os interesses de ambos os conviventes. Em caso de dúvida, o ideal é buscar orientação jurídica personalizada.

Para continuar aprendendo sobre o tema, veja também Regime de Bens no Casamento: Qual Escolher e Como Mudar e É Possível Mudar o Regime de Bens Depois do Casamento? Saiba Como.

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