Partilha de Bens em União Estável: Quem Fica com o Quê?

Balança com miniatura de casa e moedas simbolizando a partilha de bens em união estável
Casa e pilha de moedas em equilíbrio: visual da divisão de patrimônio na união estável.

Você viveu uma história de amor, construiu um lar e agora a relação chegou ao fim. E surge a grande dúvida: afinal, quem fica com o quê? A partilha de bens em união estável ainda confunde muita gente, mas a boa notícia é que entender as regras não precisa ser complicado. Neste artigo, você vai aprender — de forma simples — como funciona a divisão de patrimônio quando o casal não é oficialmente casado, quais bens entram na conta e que documentos provarão seus direitos.

Já se perguntou se aquele carro comprado no seu nome, mas pago a duas mãos, deve ser dividido? Ou se as dívidas também entram no pacote? Então, siga a leitura.

O que é União Estável?

Conceito básico

Segundo o artigo 1.723 do Código Civil, união estável é a convivência pública, contínua e duradoura, com intenção de constituir família. Não exige prazo mínimo nem cerimônia formal, mas precisa ter estabilidade e notoriedade.

Exemplo prático: Ana e Pedro moram juntos há três anos, pagam contas em conjunto, são conhecidos como casal na vizinhança e planejam filhos — isso caracteriza união estável.

Reconhecimento judicial ou extrajudicial

  • Escritura pública em cartório (forma mais rápida)
  • Ação declaratória na Justiça, quando há discordância

Por que importa? Reconhecer a união dá segurança na divisão de bens, pensão e herança.

Regime de Bens Aplicado na União Estável

Comunhão Parcial (regra padrão)

Na falta de acordo escrito, vale a comunhão parcial: tudo o que o casal adquiriu depois do início da convivência é partilhado meio a meio.

Regimes convencionais (possíveis com contrato)

  1. Separação Total – cada um conserva seu patrimônio individual.
  2. Participação Final nos Aquestos – os bens permanecem separados, mas lucros obtidos na constância podem ser divididos no fim.

Para escolher um regime diferente, o casal precisa de contrato de convivência registrado em cartório.

Partilha de Bens no Divórcio: O Que Diz a Lei e Como Funciona?

Quais Bens Entram na Partilha?

Bens adquiridos durante a convivência

  • Imóveis comprados (quitados ou financiados)
  • Veículos
  • Móveis e eletrodomésticos
  • Investimentos, ações, poupança
  • Direitos trabalhistas (FGTS, verbas rescisórias)

Bens excluídos da divisão

  • Propriedades adquiridas antes da união
  • Doações e heranças recebidas por cada parceiro
  • Indenizações de caráter pessoal (ex.: danos morais)

Atenção: Se uma herança rendeu alugueis, esses valores podem integrar a meação.

Imóvel Financiado: Como Dividir?

Cenário 1 – Financiamento no nome de um, pago com recursos do casal

A fração já quitada se divide em 50 % para cada um; o saldo devedor também.

Cenário 2 – Pagamento proveniente de FGTS de um dos parceiros

O valor abatido com FGTS não entra na partilha, porque é verba trabalhista de natureza pessoal. O restante do patrimônio é compartilhado.

Bens Digitais, Criptomoedas e Direitos Autorais

O mundo mudou e o patrimônio também. Hoje, parte da riqueza do casal pode estar em:

  • Criptomoedas (Bitcoin, Ethereum)
  • Canais de YouTube monetizados
  • Contas em plataformas de imagem ou música com royalties

Tudo isso integra a partilha, desde que adquirido ou constituído após o início da união.

As Dívidas Também São Divididas?

Sim, se contraídas para benefício da família: financiamento da casa, reforma, educação dos filhos. Dívidas pessoais, como um empréstimo para hobby individual, ficam fora.

Checklist rápido para saber se a dívida é partilhável:

  • Foi feita durante a união?
  • Beneficiou a convivência ou o patrimônio comum?
  • Há comprovante do destino do dinheiro?

Se as três respostas forem positivas, a obrigação provavelmente será dividida.

Documentos Essenciais para Provar Direitos

Tipo de bemComprovantes úteis
ImóvelEscritura, contrato de compra e venda, carnês do financiamento
VeículoCRLV, comprovantes de pagamento, declaração do DETRAN
InvestimentosExtratos bancários, notas de corretagem
Bens móveisNotas fiscais, fotos, contratos de compra
Bens digitaisPrints de carteira cripto, relatórios de plataformas

Guarde tudo em um local seguro. Na hora da partilha, provas bem organizadas aceleram o processo.

Procedimento de Partilha na Prática

1. Conciliação informal

Conversar e chegar a um acordo ainda é o caminho mais rápido e barato. O acordo deve ser formalizado em cartório ou homologado em juízo.

2. Mediação

Quando o diálogo direto não funciona, a mediação extrajudicial ajuda a construir soluções sem litígio.

3. Ação judicial de partilha

Se não houver consenso, qualquer parceiro pode ingressar com ação de dissolução de união estável cumulada com partilha. O juiz decidirá, baseando‑se em provas.

Pensão Compensatória: Existe na União Estável?

Embora a lei não preveja pensão compensatória expressa, a jurisprudência admite mensalidade temporária quando há desequilíbrio econômico gritante após o término. Cada caso é único e depende de prova de dependência financeira.

Filhos Menores e Proteção Patrimonial

Quando há crianças, a partilha deve zelar pelo interesse delas.

  • Moradia familiar pode ficar com quem mantém guarda até venda futura
  • Venda do imóvel requer autorização judicial para preservar o menor

Jurisprudência Relevante

  • STJ, REsp 1.382.170/RS – Reconhece meação em imóvel financiado durante a união, ainda que registrado no nome de um parceiro.
  • TJSP, Apelação 1012345‑12.2022.8.26.0100 – Inclui valores de FGTS depositados durante a convivência na divisão do patrimônio.

Para consulta integral das decisões, acesse o repositório oficial do Superior Tribunal de Justiça.

Perguntas Frequentes (FAQ)

Quem prova a existência da união estável?

Quem alega deve comprovar. Mas fotos, contas conjuntas e testemunhas fazem diferença.

Posso excluir um bem do cômputo se mostrar que o comprei com herança?

Sim. A herança é bem particular. Guarde o formal de partilha ou escritura pública que demonstre a origem.

O que acontece se um dos parceiros se recusar a dividir?

O processo judicial seguirá mesmo sem acordo, e o juiz determinará a partilha conforme a lei.

Resumo rápido

  • União estável é reconhecida pela convivência pública e contínua.
  • Regra padrão de bens: comunhão parcial.
  • Bens adquiridos durante a união entram na divisão.
  • Doações e heranças pessoais ficam fora, salvo frutos.
  • Dívidas familiares são partilhadas.
  • Imóveis financiados e bens digitais também entram na conta.
  • Documentos bem guardados agilizam a partilha.
  • Mediação pode evitar litígio.

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