Divórcio: o que você precisa saber antes de começar o processo

Mãos de um casal sobre documento de divórcio com alianças e caneta na mesa.
Divórcio consensual e litigioso: etapas importantes para resolver o processo.

Se você está avaliando o divorcio ou já decidiu se divorciar, este guia explica de forma clara quando é possível fazer em cartório, quando precisa ir à Justiça, quais documentos separar e como evitar erros comuns.

Tipos de divorcio e caminhos possíveis

Divórcio consensual em cartório

Indicado quando há acordo sobre todos os pontos. A escritura pública pode ser lavrada no tabelionato de sua escolha. Caso existam filhos menores ou incapazes, a escritura é possível desde que já exista decisão judicial sobre guarda, convivência e alimentos, com menção expressa na escritura. A assinatura pode ser presencial ou por videoconferência com certificado digital pelo e-Notariado.

Divórcio litigioso na Justiça

Usado quando não há consenso ou quando ainda será necessário definir guarda, convivência, pensão ou partilha. O juiz pode decretar o divórcio desde o início e deixar a discussão patrimonial e parental para as etapas seguintes.

Leia também: Divórcio Litigioso ou Amigável? Entenda as Diferenças e Escolha Certa e Posso Me Divorciar Mesmo Sem o Consentimento do Outro? Entenda o Divórcio Litigioso.

Conceito, requisitos e pontos legais atuais

  • O divórcio é um direito potestativo. Não exige separação prévia nem discussão de culpa.
  • O cartório pode lavrar a escritura mesmo com filhos menores se já houver decisão judicial sobre guarda, convivência e alimentos.
  • Há livre escolha do tabelião para o ato de divórcio consensual.
  • A escritura dispensa homologação judicial e serve para averbação imediata no Registro Civil.
  • É necessária a participação de advogado ou defensoria.
  • É possível realizar o ato por videoconferência com assinatura digital pelo e-Notariado.

Referências oficiais: Constituição Federal, EC 66/2010; Código Civil; Resolução CNJ 35/2007 com alterações da Resolução 571/2024; Provimento CNJ 149/2023; comunicados do STJ sobre a natureza potestativa do divórcio.

Documentos para o divórcio em cartório

Checklist básico que agiliza a escritura.

  • Certidão de casamento atualizada.
  • RG e CPF dos cônjuges.
  • Pacto antenupcial, se houver.
  • Certidões de nascimento ou documento oficial dos filhos, se houver.
  • Relação e prova de titularidade de bens móveis e imóveis, quando houver partilha.
  • Declaração sobre gravidez no ato da lavratura.
  • Dados bancários para quitação de valores e pensão, se constar na escritura.
  • Procuração pública com poderes específicos se alguém for representado.

Leia também: Divórcio em Cartório: Quando É Permitido e Quais Documentos Exigir.

Passo a passo prático

  1. Decida a modalidade:
    Verifique se há condições para acordo integral. Sem consenso, ingresse com divórcio judicial.
  2. Organize informações:
    Liste bens, dívidas, rendas e gastos com filhos. Traga documentos de propriedade e eventuais contratos.
  3. Defina o que será resolvido agora:
    No divórcio, você pode partilhar bens e fixar pensão, mas a partilha pode ficar para depois se isso destravar o ato.
  4. Escolha onde fazer:
    No consensual, escolha qualquer tabelionato de notas. No litigioso, protocole a ação no foro competente.
  5. Assine:
    Assinatura presencial ou online via e-Notariado com certificado digital. Se necessário, outorgue procuração pública específica.
  6. Averbe:
    Leve o traslado da escritura ao Registro Civil do casamento para averbação. Em caso judicial, peça a expedição de mandado de averbação.

Prazos e tempo de tramitação

  • Em cartório, com toda a documentação e acordo, a lavratura costuma ocorrer em poucos dias, conforme a agenda do tabelionato.
  • Na Justiça, o tempo varia conforme a comarca e a complexidade. O divórcio pode ser decretado no início, mas guarda, pensão e partilha seguem seu curso probatório.

Custos públicos e gratuidade

  • Emolumentos de cartório: variam por estado, conforme lei estadual e a Lei Federal 10.169/2000.
  • Custas judiciais: variam por tribunal.
  • Gratuidade: é possível requerer gratuidade para a escritura de divórcio consensual por declaração de hipossuficiência. Confirme os requisitos locais e, se necessário, busque a Defensoria Pública.

Direitos, deveres e riscos usuais

  • Guarda e convivência. A guarda compartilhada é a regra legal quando ambos estão aptos.
  • Pensão alimentícia. Define-se conforme necessidade de quem recebe e possibilidade de quem paga.
  • Uso do imóvel comum. Se apenas um ficar no imóvel, pode haver cobrança de aluguel proporcional ao outro.
  • Nome após o divórcio. É possível manter ou voltar ao nome de solteiro, observados os limites legais.
  • Riscos comuns. Assinar acordo sem entender efeitos patrimoniais, omitir bens ou dívidas, não prever datas e formas de pagamento, e redigir cláusulas vagas de convivência.

Exemplos rápidos

  • Consensual em cartório com e-Notariado. Casal sem litígio reúne documentos, define partilha simples e pensão dos filhos já fixada judicialmente. Escritura emite-se e é averbada no Registro Civil.
  • Litigioso com filhos e bens. Um cônjuge ajuíza o pedido. O juiz decreta o divórcio e as demais questões seguem com provas e eventual perícia de bens.

Perguntas frequentes

Posso me divorciar se o outro não concorda?

Sim. O divórcio é direito potestativo. Em caso de oposição, ingresse judicialmente.

Preciso partilhar bens para sair o divórcio?

Não. A partilha pode ser feita depois, por acordo ou em ação própria.

Tenho filhos menores. Posso fazer em cartório?

Sim, desde que já exista decisão judicial regulando guarda, convivência e alimentos, com menção na escritura.

Estou grávida. Posso me divorciar?

Sim. No cartório, declara-se o estado gestacional. A gestação não impede o divórcio.

Quem fica no imóvel do casal precisa pagar algo ao outro?

Em regra, o uso exclusivo pode gerar aluguel proporcional ao coproprietário. Avalie o caso concreto.

Conclusão

O divórcio pode ser simples quando há organização e informação. Se você precisa avaliar a melhor rota entre cartório e Justiça ou quer revisar cláusulas de guarda, pensão e partilha, procure orientação jurídica. Para aprofundar, veja também: Divórcio com Filhos: Como Fica a Guarda e a Pensão Alimentícia? e Partilha de Dívidas no Divórcio: Quem Fica Responsável?.

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