Como a Opinião do Adolescente Pesa na Decisão de Guarda

Opinião do adolescente: jovem conversando com adulto sobre decisão de guarda
Momento de escuta: a voz do adolescente é considerada na definição de guarda.

Quando pais se separam, as crianças costumam ficar no centro das atenções. Mas e quando o filho já é adolescente? Será que o juiz considera o desejo desse jovem ao definir onde ele vai morar? Neste artigo, você vai aprender como a opinião do adolescente é analisada na decisão de guarda, quais documentos podem ajudar e que cuidados tomar para proteger os seus direitos e o bem‑estar do seu filho.

Por que ouvir o adolescente?

  • Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) – art. 28, §1º: garante o direito de ser ouvido em processos que envolvam guarda e adoção.
  • Convenção sobre os Direitos da Criança – art. 12: reconhece o direito de expressar opinião em todas as questões que o afetem.

Em resumo: a lei brasileira e tratados internacionais dão voz ao adolescente quando o tema é guarda.

Idade mínima para ser ouvido

A prática judicial costuma ouvir crianças a partir de 12 anos, mas não há idade fixa na lei. O critério real é maturidade.

Já se perguntou por que um juiz ouviu uma criança de 10 anos em um caso e, em outro, só convocou o jovem aos 14? A resposta está na capacidade de compreensão que cada criança demonstra.

Como o juiz colhe a opinião do adolescente

H2 – Entrevista judicial

  1. Audiência em sala especial (depoimento sem presença dos pais)
  2. Acompanhamento de psicólogo ou assistente social
  3. Perguntas simples sobre rotina, escola, convivência e sentimentos

Estudo psicossocial

O profissional visita a casa, fala com professores e observa a relação familiar.

Carta ou manifestação escrita

Em alguns casos, o adolescente entrega um texto ao juiz, mas a forma oral é a preferida.

Dica: Orientar o adolescente a falar a verdade, sem “ensaios”, reforça a credibilidade.

Critérios usados para avaliar a opinião do adolescente

CritérioO que o juiz observaExemplo prático
MaturidadeSe entende consequências da escolhaSabe que mudar de cidade implica trocar de escola
EspontaneidadeAusência de pressão ou alienaçãoFala sem repetir discursos do pai ou da mãe
CoerênciaRelato consistente com fatosAlega conflito diário e há boletins escolares confirmando

Importante: a opinião do adolescente não é decisiva sozinha. Ela compõe um conjunto de provas.

Quando a opinião do adolescente pode prevalecer

1. Conflito intenso entre os pais

Quando a relação é hostil, o juiz pode priorizar o ambiente mais tranquilo indicado pelo jovem.

2. Mudança de cidade

Se um genitor quer levar o adolescente para outra cidade, o desejo dele pesa — sobretudo se envolve escola, amigos e rede de apoio.

3. Histórico de violência ou negligência

Relatos verossímeis de agressão recebem atenção imediata.

4. Adolescente com necessidades especiais

A voz dele ajuda a apontar quem melhor entende suas rotinas médicas.

Documentos que reforçam a voz do adolescente

  • Relatórios escolares: frequência, notas, comportamento.
  • Atestados médicos: apontam necessidade de rede de saúde específica.
  • Mensagens e e‑mails: mostram diálogo ou conflitos reais.
  • Laudos de terapia: descrevem sentimentos e adaptações.

Exemplo real: Em um processo de guarda em São Paulo, o juiz apoiou a escolha do adolescente de 15 anos pelo pai porque a escola enviou relatório indicando melhor desempenho quando morava com ele.

Perguntas frequentes sobre a opinião do adolescente

A partir de que idade a opinião do adolescente define a guarda?
Não existe idade fixa. Geralmente, a partir de 12 anos a voz ganha mais peso, mas o juiz sempre analisa maturidade.

O adolescente pode escolher morar sozinho?
Não. A guarda deve ficar com um adulto responsável.

Se o adolescente mudar de ideia depois?
A guarda pode ser revista, mas o juiz avalia se a mudança decorre de alienação parental ou nova necessidade.

Leia orientações sobre o direito de ser ouvido no site do Conselho Nacional de Justiça: https://www.cnj.jus.br

5 pontos de atenção para pais e responsáveis

  1. Prepare emocionalmente – Sem treinar respostas, apenas explique que a verdade é o melhor caminho.
  2. Evite pressionar – Qualquer indício de coação pode invalidar o depoimento.
  3. Documente a rotina – Fotos, boletins e laudos mostram coerência com o que o adolescente relata.
  4. Considere mediação – Um acordo equilibrado evita exposição desnecessária.
  5. Acompanhe a escola – Professores são testemunhas valiosas da adaptação do jovem.

Conclusão

A opinião do adolescente é fator relevante, mas não o único, na decisão de guarda. Quanto mais madura, espontânea e coerente a manifestação, maior o peso. Pais que respeitam esse direito fortalecem o vínculo familiar e colaboram para uma decisão justa.

Resumo rápido

  • Direito de ser ouvido está no ECA e em tratados internacionais.
  • Juiz avalia maturidade, espontaneidade e coerência.
  • Opinião sozinha não decide; é combinada com provas e laudos.
  • Preparação sem pressão e documentação sólida fortalecem o pedido.
  • A guarda pode ser revista se o adolescente apresentar novas razões fundamentadas.

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