Alienação parental em guarda compartilhada é um tema que surpreende muitos pais. Afinal, se a guarda é compartilhada, não deveria existir colaboração, diálogo e equilíbrio? Em teoria, sim. Mas, na prática, a convivência entre os genitores nem sempre é saudável, e a guarda compartilhada não impede por si só comportamentos de manipulação, afastamento e desqualificação de um dos pais.
Você já se perguntou por que isso acontece mesmo quando a lei determina que ambos devem participar das decisões sobre a vida da criança? Ou por que, mesmo dividindo responsabilidades, um genitor pode tentar sabotar o vínculo do outro?
Este artigo aprofunda o tema de forma acessível, com exemplos reais, orientações jurídicas e explicações claras, para que qualquer pessoa consiga entender o que é alienação parental em guarda compartilhada, como identificar sinais e quais medidas podem ser adotadas.
Nesse post:
O que é Alienação Parental e por que ela aparece até em guarda compartilhada?
A alienação parental acontece quando um dos responsáveis interfere de forma negativa na relação da criança com o outro genitor. Isso pode acontecer por meio de falas, comportamentos, atitudes diárias ou até manipulações emocionais.
A situação se torna ainda mais delicada quando ocorre dentro de uma guarda compartilhada, pois a aparência de equilíbrio mascara disputas veladas.
Por que isso ocorre mesmo com guarda compartilhada?
Alguns motivos comuns:
- Conflitos emocionais não resolvidos após o término do relacionamento.
- Dificuldade em aceitar a nova dinâmica familiar.
- Tentativa de exercer controle sobre a criança ou o ex-parceiro.
- Ciúme do vínculo entre a criança e o outro genitor.
- Desejo de punir o ex-companheiro.
A guarda compartilhada exige cooperação, diálogo e maturidade. Quando isso não existe, surgem disputas silenciosas, sabotagens e tentativas de influência emocional que, no fim, atingem principalmente a criança.
Primeiros sinais de alienação parental em guarda compartilhada
A alienação raramente começa de forma evidente. Geralmente, são pequenos comportamentos que vão se acumulando.
Aqui estão sinais frequentes que aparecem mesmo quando a guarda é compartilhada:
1. A criança começa a demonstrar rejeição repentina
Especialmente quando não existe histórico de abandono, agressão ou conflitos graves.
2. Um dos genitores controla rigidamente horários e decisões
Mesmo sabendo que a guarda é conjunta, age como se fosse unilateral.
3. Bloqueio de comunicação
O genitor impede ligações, não repassa recados ou cria obstáculos na convivência.
4. Comentários negativos e desqualificações
Expressões como:
- “Seu pai não presta.”
- “Sua mãe não liga para você.”
- “Você só vai porque é obrigado.”
5. Incentivo à criança para mentir ou ocultar informações
Isso fragiliza o vínculo e gera insegurança emocional.
6. Manipulação emocional ou chantagens
Como dizer que a criança é “traidora” por gostar do outro genitor.
7. Criação de medos sem fundamento
Quando a criança passa a temer o pai ou a mãe sem motivo real.
Se um ou mais desses comportamentos estão presentes, já existe alerta importante.
Como a alienação parental funciona na prática dentro da guarda compartilhada?
O genitor alienador usa a guarda compartilhada como “fachada”
Em muitos casos, ele aparenta cumprir a guarda no papel, mas age de forma contrária na prática.
Por exemplo:
- Cumpre horários, mas cria narrativas negativas sobre o outro genitor.
- Permite visitas, mas sabota emocionalmente antes e depois.
- Compartilha decisões, mas influencia a criança para desobedecer o outro genitor.
A criança é colocada no centro do conflito
Mesmo que de forma sutil:
“Se você for no seu pai hoje, vai me deixar sozinha.”
“Você sabia que sua mãe não paga nada para te manter?”
Essas frases afetam a criança profundamente.
Conversas e decisões são usadas como arma emocional
O genitor tenta fazer parecer que o outro nunca colabora ou nunca cumpre responsabilidades.
Mas afinal, alienação parental em guarda compartilhada é comum?
Sim.
A alienação parental acontece em todos os tipos de guarda. Ela não depende da modalidade escolhida, mas da saúde emocional e da maturidade dos pais.
Alguns estudos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) indicam que a alienação está presente em grande parte dos litígios envolvendo guarda e convivência.
Ou seja, mesmo quando o papel diz que a guarda é dividida, o comportamento nem sempre acompanha isso.
A guarda compartilhada protege a criança da alienação parental?
A guarda compartilhada reduz as chances, mas não impede.
Por que reduz?
Porque estimula equilíbrio, divisão de responsabilidades e participação conjunta nas decisões.
Por que não impede?
Porque depende de colaboração e maturidade.
Se um dos pais não age de boa-fé, pode usar a guarda compartilhada para:
- manipular a criança
- criar narrativas negativas
- dificultar decisões conjuntas
- descumprir combinados
- controlar informações sobre a criança
A alienação é um comportamento, e não um tipo de guarda.
Exemplos reais de alienação parental em guarda compartilhada
Vamos imaginar algumas situações comuns:
Situação 1: “Eu deixo ele ver, mas a criança não quer”
O genitor alienador induz a criança a recusar o convívio, mas coloca a responsabilidade na vontade da criança.
Situação 2: A criança volta triste e com discursos adultos
Ela repete frases como:
- “Você não paga nada.”
- “Você abandonou a família.”
- “A culpa do divórcio foi sua.”
Essas falas não surgem espontaneamente.
Situação 3: Decisões unilaterais e manipulação
Mesmo com guarda compartilhada, o genitor toma decisões sozinho e depois culpa o outro por “não participar”.
Situação 4: Distorção de fatos
Pequenos conflitos se transformam em narrativas graves que colocam o outro genitor como irresponsável.
Impactos da alienação parental nos filhos (mesmo com guarda compartilhada)
A criança é a maior vítima.
Efeitos comuns incluem:
- ansiedade
- depressão
- insegurança
- medo
- dificuldades de relacionamento
- baixa autoestima
- rejeição injustificada
- confusão emocional
- sensação de culpa
- perda de referências familiares
Em casos mais graves, o afastamento pode ser duradouro e extremamente difícil de recuperar.
O que diz a Lei sobre alienação parental em guarda compartilhada?
A Lei 12.318/2010 define a alienação parental e prevê medidas legais quando ela é identificada.
Entre as medidas que o juiz pode determinar estão:
- advertência
- multa
- acompanhamento psicológico
- visitas monitoradas
- inversão de guarda
- suspensão da autoridade parental em casos extremos
E sim a guarda pode ser alterada se for comprovado que o genitor aliena, mesmo dentro da guarda compartilhada.
Como provar alienação parental na guarda compartilhada?
A prova pode vir de várias fontes, como:
1. Prints de conversas
Mensagens que demonstrem:
- bloqueios
- manipulações
- descumprimentos
- ofensas
- impedimentos de contato
2. Áudios e vídeos
Muitos casos são comprovados com áudios de conversas que evidenciam manipulação.
3. Testemunhas
Familiares, amigos, vizinhos, professores, babás.
4. Registros escolares e médicos
Quando um genitor não repassa informações importantes.
5. Relatórios psicossociais
Feitos por profissionais nomeados pela Justiça.
6. Comportamento repetido da criança
Falas, atitudes e medos injustificados.
Para aprofundar, recomendamos o conteúdo interno:
Como Provar Alienação Parental? Direitos e Medidas Legais
O que fazer quando existe alienação parental em guarda compartilhada?
1. Registre tudo
Tenha provas organizadas: prints, mensagens, áudios, datas, eventos.
2. Busque diálogo se possível
Mas somente quando há segurança emocional e respeito.
3. Procure orientação jurídica
Um advogado especializado poderá:
- avaliar o caso
- indicar medidas adequadas
- solicitar estudos psicossociais
- pedir medidas urgentes
4. Aja rápido
Quanto mais tempo a alienação acontece, mais difícil é recuperar o vínculo.
5. Não responda com agressividade
Isso pode gerar ainda mais conflitos e prejudicar a criança.
Como proteger a criança emocionalmente?
Algumas estratégias ajudam, mesmo com sabotagem do outro genitor:
- Mantenha sempre uma comunicação leve e acolhedora.
- Mostre que ela é amada e que não precisa escolher lados.
- Não fale mal do ex-companheiro.
- Incentive a expressão de sentimentos.
- Demonstre segurança.
- Valorize os bons momentos da convivência.
Como evitar acusações falsas de alienação parental?
Sim, o oposto também acontece:
O genitor que pratica a alienação acusa o outro injustamente.
Para prevenção:
- registre contatos
- cumpra horários
- mantenha comunicação educada
- promova a convivência
- guarde provas de boa conduta
Leia também:
Como Evitar Acusações de Alienação Parental durante o Divórcio
Quando a alienação parental vira risco à guarda?
Se o comportamento for intenso, repetitivo e prejudicial, o juiz pode:
- alterar a guarda
- tornar visitas monitoradas
- determinar acompanhamento psicológico
- aplicar medidas protetivas
A alienação é considerada violência emocional e pode justificar medidas urgentes.
Veja também:
Pode Perder a Guarda por Alienação Parental? O Que Diz a Lei
Alienação parental pode acontecer com avós e terceiros?
Sim.
Avós, tios e até novos companheiros podem praticar alienação.
Inclusive, já tratamos disso no artigo:
O Papel dos Avós e Terceiros em Casos de Alienação Parental: Eles Também Podem Ser Alvos?
5 dicas práticas para lidar com a alienação parental em guarda compartilhada
1. Tenha postura firme, mas calma
A agressividade só alimenta conflitos.
2. Registre absolutamente tudo
Especialmente descumprimentos e manipulações.
3. Busque acompanhamento psicológico para a criança
Isso ajuda nas avaliações judiciais.
4. Não responda provocações
Respostas impulsivas podem ser usadas contra você.
5. Priorize sempre a saúde emocional da criança
Ela precisa de estabilidade e afeto.
Perguntas Frequentes
Guarda compartilhada impede alienação parental?
Não. Ela reduz chances, mas não impede.
Posso pedir mudança de guarda mesmo que a guarda seja compartilhada?
Sim. Se houver alienação comprovada, o juiz pode mudar a guarda.
O que é prova mais forte de alienação?
Relatórios psicossociais e registros de manipulação são muito relevantes.
A criança pode ser ouvida?
Sim, dependendo da idade e da análise técnica.
Visitas monitoradas ajudam?
Em alguns casos, sim. São úteis quando a criança está emocionalmente fragilizada.
Checklist rápido: principais pontos do artigo
- Alienação parental pode ocorrer em qualquer tipo de guarda.
- Na guarda compartilhada, ela é mais silenciosa e difícil de identificar.
- A criança é a maior vítima emocional.
- É possível provar alienação com registros, testemunhas e relatórios.
- A guarda pode ser alterada se houver risco ao desenvolvimento da criança.
- Medidas legais previstas na Lei 12.318/2010 podem ser aplicadas.
- A postura do genitor afetado deve ser firme, organizada e tranquila.
Conclusão
A alienação parental em guarda compartilhada não só existe, como é mais comum do que a maioria imagina. A guarda compartilhada é um instrumento importante de equilíbrio familiar, mas só funciona quando ambos os genitores têm maturidade emocional para colocar a criança acima de suas dores pessoais.
Quando isso não acontece, a alienação surge como um veneno silencioso e progressivo.
Informação, apoio jurídico e medidas adequadas são fundamentais para proteger o vínculo familiar e garantir que a criança cresça em um ambiente emocionalmente saudável.
Quer entender melhor seus direitos ou como funciona o processo judicial nesses casos? Leia também outros conteúdos da categoria Alienação Parental no meu blog advogadaemilinrocha.com/blog e continue se informando para proteger sua família com segurança e responsabilidade.





