Adoção Tardia: vale a pena adotar crianças acima de 7 anos?

Menina de 8 anos sorrindo, representando os benefícios da adoção tardia.
Sorriso que mostra como a adoção tardia transforma vidas.

Quando pensamos em adoção, muitas vezes imaginamos um bebê enrolado em manta colorida. No entanto, a maioria das crianças disponíveis no Sistema Nacional de Adoção tem entre 7 e 17 anos. Nesse contexto, a adoção tardia ganha destaque como alternativa afetuosa e necessária.

O que é adoção tardia?

A legislação brasileira não fixa idade exata para chamar uma adoção de “tardia”. Contudo, tribunais e serviços sociais usam como referência a faixa acima de 7 anos, quando a criança já está em fase escolar, com memória afetiva e rotinas estruturadas.

Diferença em relação à adoção de bebês

  • Histórico de vida: crianças mais velhas trazem vivências, lembranças de famílias de origem ou de abrigos;
  • Identidade formada: preferências, medos e vínculos anteriores influenciam a adaptação;
  • Menor demanda por cuidados físicos intensos: trocas de fralda e mamadas não são mais necessárias, mas o cuidado emocional é maior.

Exemplo prático: João, de 9 anos, precisa aprender que adulto pode ser confiável novamente, pois já passou por três instituições diferentes. O vínculo se consolida através da presença e do diálogo diário, não apenas de cuidados básicos.

Por que há tantas crianças maiores na fila?

MotivoImpacto
Preferência por bebês na habilitação85 % dos pretendentes indicam perfil até 3 anos
Mitos sobre “dificuldade de adaptação”Geram medo de comportamentos desafiadores
Falta de informação nas campanhas oficiaisMenos visibilidade para histórias de sucesso
Demora no trâmite processualCrianças completam 7 anos enquanto aguardam sentenças

Dados do CNJ 2024 indicam que, das 34 000 crianças disponíveis, 63 % têm mais de 7 anos (fonte).

Benefícios da adoção tardia

Para a criança

  • Direito à convivência familiar garantido antes da maioridade;
  • Possibilidade de construir identidade positiva fora do abrigo;
  • Redução do risco de evasão escolar graças à supervisão familiar.

Para a família

  • Convivência com criança já alfabetizada, facilitando comunicação;
  • Menor gasto com etapa de creche e fraldas;
  • Sentido de propósito: impacto social perceptível.

Para a sociedade

  • Menos adolescentes saindo do serviço de acolhimento sem apoio;
  • Redução de custos públicos com institucionalização prolongada.

Desafios comuns e como superá‑los

Medo de comportamento desafiador

Estratégias:

  • Psicoterapia familiar durante o estágio de convivência;
  • Manter rotina clara e regras simples;
  • Envolver a escola no processo de adaptação.

Receio de não criar vínculo afetivo

  • Tempo de qualidade: atividades diárias (cozinhar juntos, jogar bola) ajudam;
  • Conversas francas sobre passado e expectativas;
  • Participação em grupos de apoio a famílias adotivas.

Questões escolares

Crianças podem ter defasagem de aprendizado.

Dica rápida: procure reforço escolar gratuito em ONGs locais e converse com a direção para elaborar plano pedagógico individual.

Etapas do processo focadas na adoção tardia

Habilitação

Sem diferença para outros perfis, mas o curso preparatório costuma incluir módulo sobre adoção tardia. Faça perguntas, compartilhe receios.

Perfil ampliado no SNA

Quanto mais aberto o perfil (idade, grupo de irmãos), maior a chance de ser chamado.

Busca ativa e aproximação

Profissionais criam plano de aproximação: primeiro fotos e cartas, depois videochamadas, por fim encontros presenciais.

Estágio de convivência prolongado

Para crianças maiores, o juiz pode autorizar prazo de até 180 dias. Use esse período para consolidar rotinas e esclarecer regras.

Sentença e pós‑adoção

Após a sentença, o acompanhamento pode continuar por até 2 anos com visitas de assistente social.

Perguntas frequentes

É mais difícil adotar irmãos acima de 7 anos?

Não necessariamente. Muitas famílias relatam adaptação até mais rápida, pois os irmãos se apoiam.

Preciso ter condições financeiras altas?

O critério é garantir condições dignas, não luxo. Escolas públicas e serviços de saúde do SUS suprem grande parte das necessidades.

Posso escolher o sexo da criança?

Pode, mas restringir sexo reduz bastante a lista de possíveis matches, aumentando a espera.

Mitos que afastam pretendentes

  1. “Criança grande não se apega.” Falso. Vínculo se constrói com convivência e afeto.
  2. “Vai dar muito trabalho na adolescência.” Todo adolescente enfrenta desafios, adotado ou biológico.
  3. “A escola não vai aceitar.” A legislação garante matrícula e acompanhamento pedagógico.

Dicas práticas para quem considera a adoção tardia

  • Participe de lives e webinars com famílias que já adotaram;
  • Leia materiais específicos, como o e‑book “Adoção Tardia em Perguntas e Respostas” do Tribunal de Justiça de Minas Gerais;
  • Mantenha rede de apoio: avós, padrinhos, amigos;
  • Registre emoções em diário familiar; ajuda a perceber avanços.

Depoimentos que inspiram

“Eu achava que queria um bebê, mas conheci a Ana, de 8 anos, no abrigo. Ela me ensinou que amor não tem prazo de validade.” — Patrícia, 38 anos.

“Chegamos com medo de não sermos bons pais; saímos com duas adolescentes apaixonadas por música que transformaram nossa casa.” — Carlos e Renato, casal de Florianópolis.

Conclusão

A adoção tardia é um ato de coragem e de amor que devolve infância, afeto e oportunidades a quem mais precisa. Sim, há desafios, mas também recompensas únicas: ver um pré‑adolescente sorrir pela primeira vez em um ambiente familiar não tem preço. Se você busca expandir sua família e transformar vidas, considere adotar uma criança acima de 7 anos. O impacto é imediato e duradouro—para ela e para você.

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Resumo rápido (Checklist final)

  • Adoção tardia foca em crianças acima de 7 anos.
  • 63 % das crianças no SNA estão nessa faixa etária.
  • Benefícios incluem direito à convivência familiar e desenvolvimento emocional.
  • Desafios: vínculo afetivo, defasagem escolar, comportamento.
  • Estratégias: psicoterapia, rotina clara, rede de apoio.
  • Processo é o mesmo da adoção regular, mas estágio de convivência pode ser mais longo.
  • Histórias reais comprovam que vale a pena.

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