Adoção de Irmãos: É Obrigatório Ficar com Todos? Entenda Como a Lei Funciona

Família sorrindo representando a adoção de irmãos e o vínculo fraterno.
Família reunida simbolizando a adoção de irmãos e a importância do acolhimento conjunto.

A adoção de irmãos é um dos temas mais sensíveis do Direito de Família e costuma gerar muitas dúvidas entre pretendentes à adoção. Logo nos primeiros passos, surge a pergunta que assusta e confunde: é obrigatório adotar todos os irmãos ou posso adotar apenas um deles?

Essa dúvida é mais comum do que você imagina. E faz sentido. Afinal, a adoção é uma decisão profunda, emocional e prática. Envolve estrutura familiar, condições financeiras, disponibilidade afetiva e até rotina. Então, é natural que os futuros adotantes questionem até onde vão suas responsabilidades e qual é o limite imposto pela lei.

Neste artigo, vamos conversar de forma clara e acessível sobre como a Justiça enxerga a manutenção do vínculo fraterno, por que irmãos costumam ser mantidos juntos e em que situações a adoção separada pode ser autorizada. Vamos também trazer exemplos reais, orientações e links internos para aprofundamento do tema.

Nesse post:

O que você vai encontrar neste artigo

  • Quando a adoção conjunta é regra.
  • Quando é possível adotar apenas um dos irmãos.
  • Como o juiz decide casos em que os irmãos têm realidades diferentes.
  • O papel dos laudos psicológicos e da equipe técnica.
  • Caminhos práticos para quem deseja adotar.
  • Checklist final e perguntas frequentes.

Por que a adoção de irmãos é tão protegida?

A adoção de irmãos está diretamente conectada ao princípio do melhor interesse da criança e do adolescente, previsto no ECA. Isso significa que qualquer decisão deve priorizar o bem-estar integral dos menores, e não as preferências dos adultos.

E aqui surge a pergunta que muitos pretendentes fazem:
“Se eu não tenho condições de adotar todos, eu posso adotar apenas um deles?”

A resposta é: depende.
A lei prioriza, mas não obriga em todos os casos, a adoção do grupo de irmãos.

A ideia principal é preservar laços afetivos já existentes. Porém, existem situações em que a manutenção desses irmãos juntos pode não ser possível, adequada ou segura.

Adoção de Irmãos: É Obrigatório Ficar com Todos?

A legislação não determina que a pessoa interessada é obrigada a adotar todos os irmãos. O que a lei faz é dar preferência para que eles não sejam separados, especialmente quando existe convivência afetiva significativa.

Vamos entender como isso funciona na prática.

Por que a adoção conjunta de irmãos é a regra?

Para responder essa pergunta, pense em uma situação simples:
Imagine duas crianças que passaram por perdas, insegurança e mudanças constantes. O vínculo entre elas muitas vezes é o que as mantém emocionalmente firmes.

Isso explica por que o ECA e o CNJ sempre tentam manter irmãos juntos:

  • O vínculo fraterno é uma fonte de segurança.
  • A separação pode gerar traumas profundos.
  • A convivência entre irmãos preserva parte da história de vida da criança.

Mas, como toda regra, existem exceções.

Quando é possível adotar apenas um dos irmãos?

Nem sempre a realidade é tão linear. Existem situações em que o juiz pode autorizar que irmãos sejam adotados separadamente.

1. Quando não existe vínculo afetivo entre eles

Parece estranho imaginar, mas isso é mais comum do que se pensa. Muitos grupos de irmãos chegam ao sistema de acolhimento assim:

  • Não moraram juntos.
  • Não conviveram na mesma casa.
  • Não têm histórico de relação afetiva.

Nesses casos, a adoção conjunta não faz sentido, porque não existe laço a ser preservado.

2. Quando há grande diferença de idade

Por exemplo:

  • Um adolescente de 15 anos.
  • Uma criança de 2 anos.

Muitas vezes, o adolescente expressa claramente o desejo de não ser adotado, enquanto a criança está disponível para adoção. Nesses casos, é possível que apenas o mais novo seja adotado.

3. Quando um dos irmãos possui necessidades especiais complexas

Imagine que um dos irmãos demanda:

  • cuidados médicos intensivos,
  • acompanhamento contínuo,
  • alto custo financeiro.

Nem toda família está preparada estruturalmente para isso. E o juiz não pode obrigar que alguém assuma uma responsabilidade para a qual não está apto.

4. Quando um dos irmãos já está em processo avançado de adoção

Acontece quando:

  • um dos irmãos demorou mais para ter destituição do poder familiar;
  • outro já estava vinculado a uma família em estágio de convivência.

Nesses casos, separar pode ser a solução menos traumática.

5. Quando o próprio irmão mais velho pede para não ser adotado junto

O ECA garante o direito de escuta da criança e do adolescente.
Se um jovem expressa claramente que não deseja ser adotado com seus irmãos, isso é considerado pelo juiz.

Como os juízes tomam essa decisão?

A adoção de irmãos é sempre avaliada caso a caso. Não existe “resposta pronta”, porque cada família, cada história e cada criança tem particularidades.

O juiz sempre leva em conta:

  • laudos psicológicos,
  • relatórios sociais,
  • parecer do Ministério Público,
  • conversa com as crianças (escuta especializada),
  • histórico familiar,
  • tempo de acolhimento,
  • capacidade da família adotante.

Em outras palavras, o que o magistrado busca é responder uma única pergunta:
“O que realmente é melhor para estas crianças?”

E a resposta pode variar muito de um processo para outro.

O que dizem a Lei e os órgãos de proteção?

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) traz diretrizes claras sobre a preservação dos grupos de irmãos. A Resolução do CNJ também reforça essa orientação.

Mas nada na lei impõe obrigatoriedade absoluta.

Exemplos reais de situações de adoção de irmãos

A seguir, alguns cenários inspirados em casos reais (adaptados para manter privacidade):

Exemplo 1: Irmãos que nunca viveram juntos

Duas meninas, 8 e 12 anos, chegaram ao acolhimento em momentos diferentes. Foram separadas ainda pequenas e nunca conviveram.
Conclusão técnica: não existe laço fraterno estabelecido.
Resultado: cada uma foi adotada por famílias distintas, com autorização judicial.

Exemplo 2: Irmão mais velho não quer ser adotado

Menino de 14 anos manifestou desejo de permanecer no acolhimento até a maioridade.
A irmã de 5 anos tinha forte vínculo com família que já estava no estágio de convivência.
Resultado: adoção autorizada apenas da irmã, com manutenção do contato fraterno supervisionado.

Exemplo 3: Irmão com necessidades complexas de saúde

Grupo de três irmãos, sendo um deles com paralisia cerebral severa.
Uma família manifestou interesse por dois dos irmãos, mas não tinha estrutura para cuidar do terceiro.
Após análise, a equipe concluiu que a separação não traria prejuízo emocional ao grupo.
Resultado: adoção autorizada para os dois, e encaminhamento especializado para o terceiro.

Esses exemplos mostram que a adoção conjunta é a preferência, mas não é uma obrigação inquestionável.

A adoção de irmãos é difícil? Entenda os desafios

Para muitos pretendentes, a ideia de adotar um grupo pode gerar dúvidas:

  • Será que vou conseguir dar atenção igual a todos?
  • E se meus recursos não forem suficientes?
  • Como será a adaptação na rotina?

Esses medos são legítimos. E é por isso que o processo de habilitação é tão importante.

Durante a preparação, você conversa com psicólogos, assistentes sociais e profissionais do Judiciário, que ajudam a entender:

  • seu perfil,
  • seus limites,
  • suas condições afetivas e materiais,
  • o que realmente é possível respeitando sua realidade.

O objetivo não é te assustar.
O objetivo é preparar.

Como é feita a avaliação da família interessada?

Durante o processo, alguns pontos são analisados:

1. Capacidade afetiva

Famílias que demonstram abertura emocional e disponibilidade costumam lidar melhor com grupos de irmãos.

2. Estrutura financeira e de moradia

Não precisa ser rico.
Mas é preciso que exista organização compatível com a quantidade de crianças.

3. Apoio familiar

Rede de apoio ajuda muito. Avós, tios ou amigos próximos fazem diferença.

4. Experiência com crianças

A experiência prévia não é obrigatória, mas ajuda a prever a dinâmica familiar.

O que fazer se eu quiser adotar, mas não tenho condições de adotar todos os irmãos?

Essa é uma dúvida extremamente comum.

E aqui vai a resposta mais sincera: você não é obrigado a assumir uma responsabilidade impossível para sua realidade.

O que você pode fazer é:

  • Explicar seu perfil durante a habilitação.
  • Manifestar sua abertura para contato com irmãos em momentos específicos, quando autorizado.
  • Mostrar disposição para colaborar com o vínculo fraterno.

A equipe técnica não espera perfeição, mas sinceridade.

E se eu quiser adotar todos? Como funciona?

Famílias que desejam adotar grupos de irmãos têm prioridade na busca ativa quando existe compatibilidade de perfil.

Dicas práticas:

  • Informe claramente essa disponibilidade no cadastro.
  • Prepare sua casa e sua rotina para receber mais de uma criança.
  • Converse com outras famílias que já passaram por isso.
  • Faça cursos e oficinas da Vara da Infância.

Se quiser aprofundar, recomendo ler conteúdos complementares como:

  • Adoção por Casais Homoafetivos: etapas, direitos e desafios
  • Adoção no Brasil: Regras, Processo e Dúvidas Comuns

Eles ajudarão a entender o contexto da adoção no Brasil como um todo.

Manter irmãos juntos é sempre o melhor caminho?

Você já se perguntou se essa regra é sempre boa?

Na prática, não é tão simples.

Existem situações em que:

  • um dos irmãos exerce papel parental sobre os demais;
  • há violência ou comportamento agressivo;
  • há abuso entre os irmãos;
  • existe trauma relacionado à convivência;
  • há rejeição clara de um pelo outro.

Nesses contextos, forçar a convivência pode gerar ainda mais sofrimento.

Por isso, cada caso é estudado com muito cuidado.

Qual é o papel da Busca Ativa do CNJ nos casos de grupos de irmãos?

A Busca Ativa é um recurso usado quando:

  • crianças têm mais de 7 anos,
  • grupos de irmãos grandes,
  • crianças com deficiência,
  • adolescentes.

Ela ajuda a encontrar famílias disponíveis para perfis específicos.

Para saber mais, veja o conteúdo já publicado no site:
Busca Ativa do CNJ: como funciona o “match” que já viabilizou mais de mil adoções em 2025

E quando o grupo é muito grande?

Existem casos com 3, 4, 5 irmãos.
E a pergunta é inevitável:
uma única família consegue adotar todos?

A resposta é: pode conseguir, mas não é comum.

E nesses casos, o sistema de Justiça:

  • avalia vínculos,
  • estuda traumas,
  • analisa relações internas do grupo.

Às vezes, o grupo é dividido para preservar o bem-estar emocional de todos.

Como manter o vínculo fraterno após a adoção, quando a separação é autorizada?

Quando os irmãos são adotados separadamente, o juiz pode determinar:

  • visitas supervisionadas,
  • troca de mensagens com auxílio da equipe técnica,
  • encontros esporádicos,
  • preservação da história e origem.

Isso evita rupturas definitivas e ajuda na formação da identidade.

O papel da equipe técnica é fundamental

Assistentes sociais e psicólogos têm a missão de:

  • investigar profundamente a história da criança,
  • compreender vínculos,
  • analisar riscos,
  • indicar a melhor decisão ao juiz.

Eles não atuam para “forçar” a adoção conjunta, mas para garantir que a decisão seja baseada em evidências e impacto emocional real.

Considerações importantes para quem deseja iniciar o processo de adoção

Se você está iniciando sua jornada, leve em conta:

  • Seja honesto sobre seu perfil.
  • Não se sinta obrigado a assumir mais do que pode.
  • Converse abertamente com a equipe técnica.
  • Pesquise sobre a dinâmica de adoção de grupos de irmãos.
  • Participe de encontros de apoio e grupos de famílias adotivas.

Esses passos tornam a jornada mais leve e consciente.

Perguntas Frequentes Sobre Adoção de Irmãos

Preciso adotar todos os irmãos para entrar na fila?

Não. Você declara seu perfil no início e isso não te exclui da habilitação.

Posso adotar apenas um irmão mesmo que eles morem juntos?

Depende da avaliação técnica e judicial. Em alguns casos, sim.

Separar irmãos é proibido?

Não. A separação é permitida quando for melhor para eles.

Posso manter contato com o irmão que não adotei?

Sim, especialmente quando o juiz entende que isso é saudável.

E se um dos irmãos não quiser ser adotado?

A opinião da criança maior de 12 anos tem peso importante no processo.

A opinião da criança maior de 12 anos tem peso importante no processo.

Checklist Final: Principais Pontos do Artigo

  • Adoção conjunta é preferida, mas não obrigatória.
  • Separação pode ocorrer em casos específicos.
  • O juiz avalia sempre o melhor interesse dos menores.
  • Laudos psicológicos e relatórios sociais têm grande peso.
  • Grupos muito grandes ou sem vínculo podem ser divididos.
  • A família pode explicar seu perfil sem medo.
  • Manter o vínculo fraterno após a adoção é possível e incentivado.

Conclusão

A adoção de irmãos é cercada de emoção, responsabilidade e sensibilidade. Embora a lei dê preferência para que os irmãos permaneçam juntos, não existe uma regra que obrigue a adoção de todo o grupo em qualquer situação.

O que existe é a busca pelo melhor interesse da criança e do adolescente.
Cada caso é único.
Cada história precisa ser respeitada.

Se você deseja adotar um ou mais irmãos, o mais importante é compreender seus limites, sua realidade e sua capacidade de oferecer cuidado, estabilidade e amor.

Se este conteúdo te ajudou a entender melhor a adoção de irmãos, explore também outros artigos da categoria para aprofundar sua jornada. E se quiser compartilhar suas dúvidas ou experiências, deixe seu comentário. Sua voz pode ajudar outras famílias que estão passando pelo mesmo processo.

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